Em evento realizado no Palácio do Planalto dia 15/06/2021, terça-feira, foram
assinados os Acordos Artemis, o encontro contou com a presença do presidente
Jair Bolsonaro, do chanceler Carlos Alberto Franco França, do ministro Marcos
Pontes da Ciência, Tecnologia e Inovações, e Todd Chapman, embaixador
estadunidense no Brasil. Assim que o evento foi noticiado pela imprensa, o
conteúdo foi amplamente compartilhado nas redes sociais. Contudo, vamos
entender melhor do que se trata estes acordos.
Os Acordos Artemis estão na esteira do Programa Artemis da NASA - a agência
espacial dos Estados Unidos - que estabelece metas para uma nova missão
tripulada à Lua e posteriormente à Marte. Os princípios destes acordos estão
ancorados no Tratado do Espaço Exterior de 1967, que tinha como principais
objetivos o uso pacífico e a não reivindicação no espaço sideral e nenhum outro
corpo celeste. Este tratado foi cunhado já no âmbito das disputas da Guerra Fria
no que tange a Corrida Espacial, o que deu origem a Primeira Era Espacial.
Além das diretrizes do Tratado do Espaço Exterior de 1967 para fins pacíficos,
os princípios do Acordos Artemis para todos seus parceiros incluem:
transparência; interoperabilidade; assistência emergencial; registro de objetos
espaciais; divulgação de dados científicos; preservação do patrimônio de valor
histórico no espaço exterior; eliminação de detritos orbitais; e principalmente a
dinâmica para extração de recursos em corpos celestes e evitar conflito das
atividades.
Qual o objetivo dos Acordos Artemis nas Relações Internacionais?
Hoje estamos no limiar de uma Terceira Era Espacial com um novo player neste
jogo: a China. Os chineses vêm realizando feitos notáveis na exploração do
espaço sideral, vide a missão Chang’e 4, de 2019, para exploração no lado oculto
da lua e a missão Tianwen-1 que pousou o rover Zhurong em Marte este ano,
com isso a China tornou-se o segundo país a pousar com sucesso na superfície
do planeta vermelho.
Diante desta nova era, os Estados Unidos buscam manter e fortalecer sua
liderança na exploração espacial, para isso os Acordos Artemis cumprem a
função política de reunir as nações aliadas ao objetivo maior que é a manutenção
dos Estados Unidos na liderança da Governança Global, utilizando o programa
da NASA como instrumento para este fim.
E o Brasil?
Os Acordos Artemis não estabelecem funções específicas para os parceiros, ou
seja, o Brasil pode ser apenas um “apoiador” dos princípios dos acordos ou
contribuir com algum equipamento/material que o programa tenha necessidade.
Dado que o Brasil não possui um programa espacial robusto e pela falta de
complexidade tecnológica no setor aeroespacial, é improvável que tenhamos
participação ativa nas missões Artemis.
Portanto, diferente do que divulgou o jornal Correio Braziliense em seu portal na
internet (link abaixo), o Brasil não assinou um acordo com a NASA para enviar
a primeira mulher à Lua em 2024.
Link: https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e-saude/2021/06/4931304-brasil-assina-acordo-com-a-nasa-para-enviar-a-1---mulher-a-lua-em-2024.html
Redigido por: Gandhi Allasio
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